A televisão americana mostra jovens que planejam fazer uma mamografia, mas estão sempre muito ocupadas. O narrador insiste que é preciso achar tempo necessário “porque a mamografia detecta tumores e salva vidas — até 91%”. Ao final do que parece ser um anúncio de saúde pública, o logotipo da General Eletric aparece na tela. A GE é uma das mais de vinte companhias que fabricam e vendem aparelhos de mamografia. O exame foi criado para confirmar ou descartar o diagnóstico médico. Entretanto, tornou-se uma máquina de fabricar dinheiro, usado em mulheres saudáveis que não apresentam qualquer sintoma de doença da mama.
Em 1975, eu trabalhava como vendedora de um fabricante de aparelhos de raios X, quando este introduziu seu primeiro mamógrafo. O gerente de marketing explicou as características do aparelho e recomendou que procurássemos vender uma unidade para cada hospital, clínica, obstetra ou clínico geral da região. Devíamos instruir os médicos a incentivar suas clientes a vir uma vez por ano para uma mamografia. Ele queria também que ensinássemos os médicos a calcular quantas pacientes precisavam radiografar por dia para amortizar o custo do aparelho.
Fiquei chocada e protestei, dizendo que a mamografia seria útil para quem tivesse algum sintoma de problema de mama, mas que a mulher sem sintomas não iria querer fazer exame periodicamente. E todo ano? Os médicos jamais recomendariam, devido às altas doses de radiação!
Mas eu estava errada. Os médicos não sabiam — ou não se importavam — com a quantidade de radiação que suas pacientes recebiam. As doses de radiação são depreciadas e tanto os médicos quanto os fabricantes de aparelhos de raios X e filmes insistem para que se faça o exame anualmente — em parte devido aos milhões de dólares envolvidos.
O nível de radiação absorvido pelo corpo a cada exame não é baixo. Os profissionais que executam os exames nem sempre são bem treinados. Às vezes, o equipamento não está bem instalado ou em boas condições e como, muitas vezes, a mamografia é interpretada incorretamente, falsos diagnósticos são comuns. A importância dada à mamografia nos últimos anos é prejudicial às mulheres: ela provoca uma falsa sensação de segurança (desde que faça anualmente a mamografia, que detecta o câncer antes que se espalhe, a mulher se julga a salvo) ou provoca medo de morrer (se não se submeter ao exame a cada ano). A classe médica promove o “diagnóstico precoce” mas não coloca muita ênfase na prevenção.
O que é uma mamografia?
A mamografia é uma radiografia especializada que mostra o contraste entre o tecido normal e tumores, que são mais densos e aparecem como sombras. Descobrir diferenças no tecido da mama é mais fácil do que discernir um contraste entre tecido e ossos. Infelizmente, é necessário usar uma dose maior de radiação para expor variações de tecido da mama do que para outras partes do corpo.
É preciso reconhecer o valor da mamografia, desde que executada por um radiologista competente, com equipamento em perfeitas condições, e se a chapa for revelada em câmara escura moderna com soluções frescas. O radiologista experiente, ao examinar uma radiografia bem tirada, geralmente pode dizer se a sombra representa um tumor canceroso. Para a mulher que apresenta sintomas físicos de câncer da mama, os benefícios da mamografia são maiores do que os riscos.
Radiação
Há alguns anos, meu médico sugeriu que fizesse uma mamografia como parte do exame físico de rotina. Disse-lhe que era radiação demais para alguém que não apresentava nódulos, sintomas ou histórico de câncer da mama na família. Quando ele disse que a dose de radiação era insignificante, perguntei qual a dose exata. Ele não tinha a mínima idéia. Um ano depois mudei de bairro e escolhi outro médico. Este não só sugeriu que fizesse uma mamografia, como tinha na sala de espera um grande aviso recomendando às mulheres que se submetessem anualmente a uma mamografia. Quando perguntei por que os médicos insistiam tanto para que mulheres perfeitamente saudáveis fizessem exame radiológico, ano após ano, ele citou as recomendações da ACS, American Cancer Society. Informou também que o médico que não aconselha suas pacientes a fazer o exame pode ser processado, caso a paciente desenvolva câncer da mama. Quando perguntei qual a dose de radiação, ele respondeu erroneamente: “menos do que em uma radiografia do pulmão”.
O fato é que a mamografia expõe a mulher a uma dose de radiação vinte a vinte e cinco vezes superior à radiografia pulmonar simples. A dose varia, dependendo do exame ser feito com um aparelho específico para mamografia ou com aparelho de raios X adaptado para mamografia. Também depende de outros fatores técnicos.
“O órgão do corpo humano mais sensível aos efeitos cancerígenos da radiação é a mama”, diz o Dr. John McDougall, diretor clínico do Hospital Santa Helena, em Deer Park, Califórnia. “É ainda mais sensível do que a medula óssea, o pulmão ou a tireóide”.
Como o dano causado pela radiação é cumulativo, os exames feitos anualmente aumentam o risco de câncer da mama causado pela radiação absorvida.
Outros problemas
Além dos riscos decorrentes da radiação, existem outros problemas. Segundo o Dr. Charles Smart — diretor da Unidade de Diagnóstico Precoce do Instituto Nacional do Câncer — de 10% a 15% dos casos de câncer da mama não são detectados na mamografia.O número de resultados falsos-negativos variava de 11% a 25%, enquanto 30% dos tumores benignos eram detectados como malignos. Os erros só eram descobertos após a biópsia cirúrgica. Houve um aumento considerável do número de biópsias ocasionadas somente pelas mamografias — biópsias que, de outro modo, não seriam feitas. “Para cada biópsia que revela um caso de câncer, são feitas de 5 a 10 que se revelam normais”, escreve o Dr. McDougall. “Não devemos menosprezar os efeitos de ordem emocional e os custos de tantas biópsias negativas”
Será que a mamografia pode salvar a vida?
O câncer da mama tem início quando uma célula sadia se torna maligna. O “tempo de duplicação” médio de uma célula cancerosa é de cem dias. Após cem dias, portanto, temos duas células; após duzentos, quatro células, e assim por diante. Após seis anos, a massa contém um milhão de células. O tumor tem o tamanho de uma ponta de lápis e não pode ser detectado nem por apalpação nem por mamografia. Após 10 anos, o tumor contém um bilhão de células e tem cerca de um centímetro de diâmetro — ele não aparece na mamografia. “É preciso admitir que a mamografia talvez não reduza o coeficiente de mortalidade da mulher, de qualquer idade, por maior que seja a decepção”, escreveu a Drª. M. Maureen Roberts, diretora do Projeto de Exame da Mama, de Edimburgo, Escócia, pouco antes de sua morte por câncer da mama, em 1989.
No entanto, como tantos outros médicos, o Dr. Sherwood Gorbach, professor de saúde comunitária em Boston, recomenda que se procure a detecção precoce sempre que possível: “Se diagnosticamos o câncer mais cedo, as chances de extirparmos um tumor, antes que ele se propague, são maiores.”
Não existe resposta simples para a detecção precoce do câncer da mama. Entretanto, não devemos permitir que questões envolvendo a mamografia distorçam a nossa visão, colocando a ênfase na detecção e não no lugar correto — na prevenção.
Fiquei chocada e protestei, dizendo que a mamografia seria útil para quem tivesse algum sintoma de problema de mama, mas que a mulher sem sintomas não iria querer fazer exame periodicamente. E todo ano? Os médicos jamais recomendariam, devido às altas doses de radiação!
Mas eu estava errada. Os médicos não sabiam — ou não se importavam — com a quantidade de radiação que suas pacientes recebiam. As doses de radiação são depreciadas e tanto os médicos quanto os fabricantes de aparelhos de raios X e filmes insistem para que se faça o exame anualmente — em parte devido aos milhões de dólares envolvidos.
O nível de radiação absorvido pelo corpo a cada exame não é baixo. Os profissionais que executam os exames nem sempre são bem treinados. Às vezes, o equipamento não está bem instalado ou em boas condições e como, muitas vezes, a mamografia é interpretada incorretamente, falsos diagnósticos são comuns. A importância dada à mamografia nos últimos anos é prejudicial às mulheres: ela provoca uma falsa sensação de segurança (desde que faça anualmente a mamografia, que detecta o câncer antes que se espalhe, a mulher se julga a salvo) ou provoca medo de morrer (se não se submeter ao exame a cada ano). A classe médica promove o “diagnóstico precoce” mas não coloca muita ênfase na prevenção.
O que é uma mamografia?
A mamografia é uma radiografia especializada que mostra o contraste entre o tecido normal e tumores, que são mais densos e aparecem como sombras. Descobrir diferenças no tecido da mama é mais fácil do que discernir um contraste entre tecido e ossos. Infelizmente, é necessário usar uma dose maior de radiação para expor variações de tecido da mama do que para outras partes do corpo.
É preciso reconhecer o valor da mamografia, desde que executada por um radiologista competente, com equipamento em perfeitas condições, e se a chapa for revelada em câmara escura moderna com soluções frescas. O radiologista experiente, ao examinar uma radiografia bem tirada, geralmente pode dizer se a sombra representa um tumor canceroso. Para a mulher que apresenta sintomas físicos de câncer da mama, os benefícios da mamografia são maiores do que os riscos.
Radiação
Há alguns anos, meu médico sugeriu que fizesse uma mamografia como parte do exame físico de rotina. Disse-lhe que era radiação demais para alguém que não apresentava nódulos, sintomas ou histórico de câncer da mama na família. Quando ele disse que a dose de radiação era insignificante, perguntei qual a dose exata. Ele não tinha a mínima idéia. Um ano depois mudei de bairro e escolhi outro médico. Este não só sugeriu que fizesse uma mamografia, como tinha na sala de espera um grande aviso recomendando às mulheres que se submetessem anualmente a uma mamografia. Quando perguntei por que os médicos insistiam tanto para que mulheres perfeitamente saudáveis fizessem exame radiológico, ano após ano, ele citou as recomendações da ACS, American Cancer Society. Informou também que o médico que não aconselha suas pacientes a fazer o exame pode ser processado, caso a paciente desenvolva câncer da mama. Quando perguntei qual a dose de radiação, ele respondeu erroneamente: “menos do que em uma radiografia do pulmão”.
O fato é que a mamografia expõe a mulher a uma dose de radiação vinte a vinte e cinco vezes superior à radiografia pulmonar simples. A dose varia, dependendo do exame ser feito com um aparelho específico para mamografia ou com aparelho de raios X adaptado para mamografia. Também depende de outros fatores técnicos.
“O órgão do corpo humano mais sensível aos efeitos cancerígenos da radiação é a mama”, diz o Dr. John McDougall, diretor clínico do Hospital Santa Helena, em Deer Park, Califórnia. “É ainda mais sensível do que a medula óssea, o pulmão ou a tireóide”.
Como o dano causado pela radiação é cumulativo, os exames feitos anualmente aumentam o risco de câncer da mama causado pela radiação absorvida.
Outros problemas
Além dos riscos decorrentes da radiação, existem outros problemas. Segundo o Dr. Charles Smart — diretor da Unidade de Diagnóstico Precoce do Instituto Nacional do Câncer — de 10% a 15% dos casos de câncer da mama não são detectados na mamografia.O número de resultados falsos-negativos variava de 11% a 25%, enquanto 30% dos tumores benignos eram detectados como malignos. Os erros só eram descobertos após a biópsia cirúrgica. Houve um aumento considerável do número de biópsias ocasionadas somente pelas mamografias — biópsias que, de outro modo, não seriam feitas. “Para cada biópsia que revela um caso de câncer, são feitas de 5 a 10 que se revelam normais”, escreve o Dr. McDougall. “Não devemos menosprezar os efeitos de ordem emocional e os custos de tantas biópsias negativas”
Será que a mamografia pode salvar a vida?
O câncer da mama tem início quando uma célula sadia se torna maligna. O “tempo de duplicação” médio de uma célula cancerosa é de cem dias. Após cem dias, portanto, temos duas células; após duzentos, quatro células, e assim por diante. Após seis anos, a massa contém um milhão de células. O tumor tem o tamanho de uma ponta de lápis e não pode ser detectado nem por apalpação nem por mamografia. Após 10 anos, o tumor contém um bilhão de células e tem cerca de um centímetro de diâmetro — ele não aparece na mamografia. “É preciso admitir que a mamografia talvez não reduza o coeficiente de mortalidade da mulher, de qualquer idade, por maior que seja a decepção”, escreveu a Drª. M. Maureen Roberts, diretora do Projeto de Exame da Mama, de Edimburgo, Escócia, pouco antes de sua morte por câncer da mama, em 1989.
No entanto, como tantos outros médicos, o Dr. Sherwood Gorbach, professor de saúde comunitária em Boston, recomenda que se procure a detecção precoce sempre que possível: “Se diagnosticamos o câncer mais cedo, as chances de extirparmos um tumor, antes que ele se propague, são maiores.”
Não existe resposta simples para a detecção precoce do câncer da mama. Entretanto, não devemos permitir que questões envolvendo a mamografia distorçam a nossa visão, colocando a ênfase na detecção e não no lugar correto — na prevenção.
Se você tiver algum sintoma de câncer da mama — como nódulo, bico do seio invertido, inchaço com aparência de casca de laranja, ou se as veias superficiais em uma das mamas estiverem mais salientes do que na outra, procure o médico para um exame da mama. Ele, provavelmente, vai recomendar uma mamografia.
Procure um serviço com mamógrafo. Evite aparelhos de raios X que foram adaptados para mamografia.
Procure não marcar a mamografia para a semana antes da menstruação, quando os seios estão mais sensíveis. Durante as duas semanas antes do exame, evite cafeína — café, refrigerantes como Coca-Cola, chocolate, que podem tornar os seios doloridos e nodosos. O exame é um pouco incômodo, pois as mamas são comprimidas entre duas placas. Entretanto, não é dolorido — se doer, avise o radiologista imediatamente. Quando executado por um técnico qualificado, o exame não machuca. Não se mova durante a exposição — o técnico vai lhe pedir para prender a respiração. Qualquer movimento pode estragar a imagem e a radiografia terá que ser repetida.
Mulheres com menos de 30 anos, que apresentem algum problema da mama, podem fazer uma ultra-sonografia, em vez da mamografia. As mamas da mulher jovem são muito densas e a chapa nem sempre é suficientemente clara para fazer um diagnóstico.
Insista em levar a mamografia ou uma cópia, principalmente se for a primeira. Não corra o risco de que seja destruída ou extraviada.
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Fonte: East-West Journal, 1991. Diana Hunt é formada em tecnologia radiológica pela Universidade da Califórnia, UCLA, e durante 20 anos realizou exames radiológicos, inclusive mamografias.
É autora de um manual para compra de aparelhos radiológicos e acessórios.
Fonte: East-West Journal, 1991. Diana Hunt é formada em tecnologia radiológica pela Universidade da Califórnia, UCLA, e durante 20 anos realizou exames radiológicos, inclusive mamografias.
É autora de um manual para compra de aparelhos radiológicos e acessórios.
Um caminho mais seguro para detectar o câncer da mama
O exame de rotina para detectar o câncer da mama é a mamografia, um procedimento que inclui comprimir o seio entre duas placas e fazer uma imagem de raio-x. Entretanto, a mamografia apresenta diversas desvantagens graves. É extremamente imprecisa, principalmente na mulher jovem, pois pode levar a biópsias prejudicais e expor a mulher, desnecessariamente, à radiação que causa câncer.
O que fazer, então?
O que fazer, então?
- Faça regularmente um auto-exame e deixe periodicamente uma enfermeira ou um médico capacitados examiná-la. Para encontrar um câncer, esses exames são comprovadamente mais confiáveis do que a mamografia.
- Procure um exame por ultra-som — é mais seguro mas não muito mais confiável do que a mamografia.
- Opte por termografia, que mede a temperatura da pele, pois o câncer aquece a temperatura da pele adjacente a um tumor, principalmente devido ao maior fluxo de sangue e metabolismo aumentado.
(Can. Med. Assoc.J,1963; 88: 68-70).
A termografia pode detectar um câncer de oito a dez anos antes da mamografia. Em um estudo foi detectado a metade dos casos precoces de câncer, enquanto a mamografia identificou apenas 10% dos casos. A precisão do teste é semelhante ou melhor do que os auto-exames.
(Thomassin L et al., Proceedings of the Third International Congress of Thermology, New York: Plenum Press, 1984: 575-9). (www.thechironclinic.co.uk)
(Thomassin L et al., Proceedings of the Third International Congress of Thermology, New York: Plenum Press, 1984: 575-9). (www.thechironclinic.co.uk)
"Haverá mais casos de câncer da mama
provocados pela mamografia, do que mulheres salvas da morte pela descoberta precoce de lesões" Dr. John Goffman
provocados pela mamografia, do que mulheres salvas da morte pela descoberta precoce de lesões" Dr. John Goffman
Veja também
www.preventcancer.com
www.preventcancer.com
Fonte: TAPS - Temas atuais na promoção da saúde:http://www.taps.org.br/Paginas/cancerarti07.html
LEIA TAMBÉM:
1. Alerta sobre a mamografia
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Lena Rodriguez
Parabéns pelo artigo! Observo que devido
ResponderExcluira rapidez do desenvolvimento tecnológico ,o
mamográfo é uma ferramenta primitiva!Longe de
tentar depreciar um método que aponte a precocidade de uma neoplasia.No entanto,as mulheres merecem dispor de mecanismos menos agressivos,de risco minimizado e com fidelidade
diagnóstica.
Parabéns pelo artigo , a farmáfia não gosta disso, mas nunca foi tão importante denunciar estes modernos "vendilhões do templo". Sinto muito, me perdoe, te amo, sou grato.
ResponderExcluirRecentemente fiz uma mamografia, e com certeza se tivesse lido esse artigo, teria questionado mais acerca da real necessidade desse procedimento.De qualquer forma, serviu-me como alerta para buscar mais informações em tudo que venha fazer, como também divulga-lo para outras mulheres que fazem com frequência esse exame.
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