Legendas em português
*Jane Fonda: o novo livro, Prime Time: Love,
Health, Sex, Fitness, fala sobre o que ela chama de terceiro ato de sua
vida. Jane admite no texto que ainda se preocupa com a aparência e que
sua idade a obrigou a diminuir o ritmo da rotina de exercícios físicos. A
atriz foi uma das pioneiras nos vídeos que ensinavam e estimulavam as
mulheres a malharem, mas depois admitiu recorrer a cirurgias plásticas.
A
filha do lendário ator, Henry Fonda, Jane nasceu e cresceu na cidade de
Nova Iorque. Depois de ter estudado arte no Vassar College, voltou-se
para a moda e o estudo da arte de representar. Depois do primeiro êxito
no filme “Até os Fortes Vacilam” (Tall Story), em 1960, a sua carreira
seguiu o rumo do sucesso.
Nome
completo: Jane Seymour Fonda, atriz e escritora. Sua história tem final
feliz: na terceira idade, Jane venceu a batalha contra um câncer no
seio, voltou ao cristianismo, continua a escrever livros e a promovê-los
na mídia. Reaproximou-se dos filhos e tornou-se avó amorosa.
Aos 75 anos de idade observou: "Ainda vivemos sob o antigo
modelo, no qual a idade é vista como uma patologia, uma doença”.
Palestra do vídeo de Jane Fonda
Das
muitas revoluções no último século, nenhuma tão significativa quanto à
da longevidade. Estamos vivendo em média, 34 anos a mais do que nossos
bisavós. Um novo período de vida que foi adicionado à nossa expectativa
de vida e nossa cultura não se posicionou sobre o que isto significa.
Ainda
estamos vivendo com o velho paradigma da idade como um arco: você
nasce, atinge o auge na meia-idade e declina para a decrepitude.
Muitas
pessoas hoje, filósofos, artistas, médicos, cientistas, estão lançando
um novo olhar para o que chamo de terceiro ato: as três últimas décadas
da vida. Eles perceberam que isso é na verdade, um estágio de
desenvolvimento da vida com sua própria significância, tão diferente da
idade madura quanto a adolescência o é da infância.
- Como usamos esse tempo?
- Qual é a nova metáfora para o envelhecimento?
Passei
o último ano pesquisando sobre este assunto e descobri que a metáfora
mais adequada para envelhecimento é uma escadaria: a ascensão para o
topo do espírito humano, trazendo-nos para sabedoria, completude e
autenticidade.
A maioria das pessoas acima de 50 sente-se melhor, é
menos estressada, menos hostil, menos ansiosa e dizem que até mesmo
mais felizes. Não quero romantizar o envelhecimento. Não há garantia de
que ele seja um tempo de fruição e crescimento. E não há muito que
possamos fazer sobre isso.
Então vamos examinar o que podemos
fazer para tornar esses anos adicionais bem sucedidos e fazer a
diferença. Deixe-me dizer algo sobre a escadaria, uma metáfora esquisita
para idosos, considerando-se o fato de que muitos idosos são desafiados
por escadas. O mundo inteiro obedece uma lei universal: Entropia, a
segunda lei da termodinâmica, significa que tudo no mundo, tudo, está
num estado de declínio e decadência, o arco.
Há apenas uma exceção
a essa lei universal e isso é o espírito humano, que pode continuar a
evoluir em direção ao topo - a escadaria - trazendo-nos para a
completude, autenticidade e sabedoria.
Essa ascensão pode
acontecer mesmo face a desafios físicos extremos. Há cerca de três anos
atrás, li no New York Times, que um homem chamado Neil Selinger (57
anos), advogado aposentado tinha se juntado ao grupo de escritores da
Faculdade Sarah Lawrence. Dois anos depois, ele foi diagnosticado com
uma doença fatal que devasta o corpo, mas a mente permanece intacta. Em
seu artigo, Selinger descreveu o que estava acontecendo: "À medida que
meus músculos enfraqueciam, minha escrita se tornava mais forte. À
medida que perdia minha fala, ganhava minha voz. À medida que encolhia,
eu crescia. No momento em que perdi tanto, finalmente comecei a
encontrar a mim mesmo". Neil Selinger é a personificação da subida da
escadaria em seu terceiro ato.
Todos nascemos com espírito, mas,
às vezes, ele fica soterrado debaixo dos desafios da vida, abusos,
negligências... Muitos de nossos relacionamentos não tiveram uma
conclusão e assim podemos nos sentir inacabados. A incumbência do
terceiro ato é terminar esta tarefa. Para mim começou no meu aniversário
de 60 anos. - Como era para eu viver? - O que era para eu realizar
nesse ato final? - E percebi que: a fim de saber para onde estava indo,
eu tinha que saber onde estivera. Voltei e estudei meus dois primeiros
atos, tentando ver quem eu realmente era e não o que meus pais ou outras
pessoas quisessem que fosse. - Quem foram meus pais, não como pais, mas
como pessoas? - Quem foram os meus avós? - Como eles trataram meus
pais? Esse tipo de coisas.
Descobri que esse processo é chamado
pelos psicólogos "análise da vida". Ele pode dar nova significância,
clareza e sentido à vida. Você pode descobrir, que muitas coisas que
você costumava pensar que era falha sua, ou pensar sobre você mesmo, na
verdade, não tinham nada a ver com você. E você é capaz de voltar, de
mudar sua relação e se libertar de seu passado e perdoar a você mesmo.
Em
seu livro chamado "Em Busca de Sentido", Viktor Frankl, psiquiatra
alemão que passou cinco anos em um campo de concentração nazista,
escreveu: "Tudo que você tem na vida pode ser tirado de você exceto a
liberdade de escolher como você responderá as situações. Isso é o que
determina a sua qualidade de vida, não se é rico ou pobre, famoso ou
anônimo, saudável ou sofredor. O que determina sua qualidade de vida é
como se relaciona com a essas realidades e que tipo de significado
atribui a elas".
Talvez o objetivo principal do terceiro ato
seja voltar e tentar mudar a relação com o passado. Acontece que somos
capazes de proceder assim, isso se manifesta pelos caminhos neurais do
cérebro. Veja, se você ao longo do tempo reagiu negativamente a eventos
passados e a pessoas, caminhos neurais que são configurados por sinais
químicos e elétricos são criados no cérebro. E com o tempo, esses
caminhos neurais se estabelecem e se transformam em normas que nos
causam estresse e ansiedade.
Se puderem voltar e alterar seus
relacionamentos e eventos do passado, os caminhos neurais podem mudar. E
se puder manter sentimentos mais positivos sobre o passado, isso se
tornara um novo modelo.
"Não são as experiências que nos tornam
sábios, e sim refletir sobre as que tivemos”. Somos os sujeitos de
nossas próprias vidas. Mas muitos, se não a maioria de nós, quando
alcançam a puberdade começam a se preocupar com ajustar-se e ser
popular, tornando-se o sujeito e objeto da vida de outras pessoas.
Agora,
no terceiro ato, talvez seja possível para nós percorrermos de volta o
círculo de onde começamos. E se pudermos fazer isso, não será apenas
para nós mesmos. Os mais velhos são o maior contingente demográfico no
mundo. Se pudermos voltar e redefinir a nós mesmos, nos tornando
completos, isso criará uma mudança cultural no mundo e será um exemplo
às gerações mais jovens para que elas possam repensar sobre suas
próprias expectativas de vida.
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