“ESTE
É UM APELO PARA TODAS AS PESSOAS QUE SÃO DOADORES E AS QUE PENSAM SER,
PARA MEDITAREM SOBRE AS DOAÇÕES DE ÓRGÃOS. SE OS FATOS QUE SÃO
RELATADOS AQUI ACONTECERAM NA EUROPA, ONDE SUPONHAMOS QUE AS LEIS
CONSTITUCIONAIS DEVAM SER MAIS RESPEITADAS QUE NO BRASIL, JÁ IMAGINARAM
COMO EM NOSSO PAÍS ESSA QUESTÃO DOS TRANSPLANTES SÃO RELEVADOS??
REPASSEM PARA TODOS OS SEUS CONTATOS. É UM ALERTA DIANTE DAS ATROCIDADES
QUE SE COMETEM EM NOME DA MEDICINE E DO DINHEIRO”.
O ser humano pode ser retalhado?
Mathias Jung
Opiniões sobre a medicina de transplantes
O que significa o diagnóstico "morte cerebral"? Até que ponto está "morto"
o ser humano do qual ainda podemos retirar órgãos vivos como o coração,
o pulmão e o fígado? O ser humano pode ser dividido em
cérebro/consciência e órgãos do corpo? O corpo não tem consciência? Quem
pode autorizar a retirada de órgãos? O debate em torno do transplante
de órgãos é um debate em torno dos valores fundamentais da existência
humana. No livro "Ungeteilt sterben" (veja no fim do texto) a autora apresenta uma valiosa contribuição para o tema.
Os depoimentos de onze pessoas são de arrepiar.
O vereador e teólogo Dieter Emmerling, de Frankfurt, descreve sua experiência com o diagnóstico "morte cerebral". O médico chefe da clínica pediu-lhe a autorização para retirar os órgãos de sua mulher, internada na UTI. A justificativa: "O cérebro já estava 95% morto no momento da internação e a tendência era piorar".
Emmerling sentiu um sério conflito de consciência: o transplante de órgãos seria uma possível salvação para outro doente em estado grave ou um sofrimento para sua mulher? Ela estaria mesmo morta?
À noite, ao sair, disse para a mulher, ligada aos aparelhos: "Lilo, agora vou para casa". As duas curvas no monitor deram um salto repentino para cima e para baixo, até os limites da tela. "Parecia um grito: Você não pode deixar-me sozinha agora! — Não foi o aparelho que gritou, foi minha mulher que gritou!".
SDieter Emmerling estava presente quando retiraram o tubo do respirador da boca de sua mulher: "Lilo morta? Ela continuou a respirar sozinha sem tubo e sem aparelho. Durante dois dias e duas noites, amigas e amigos se revezaram junto ao seu leito". Lilo morreu no dia 30 de outubro às 9h e 15min.
Continua Emmerling: "A raiva cresceu dentro de mim; raiva pelo que tinha acontecido. Meu pedido enfático — 'Deixem minha mulher morrer com dignidade!' — havia sido desrespeitado? Haviam evitado que ela morresse, para manter seus órgãos vivos para um transplante?"
A socióloga da área médica Gisela Wuttka confessa: "Há muito tempo rasguei meu cartão de doadora de órgãos. Não é o medo de uma morte ligada a máquinas que domina meu pensamento. É a convicção de que ainda não estou morta quando é feito o diagnóstico "morte cerebral'".
O livro não aborda apenas os problemas relacionados à doação, mas narra também a experiência dos parentes de pessoas transplantadas.
Gerhard Essler, tabelião e advogado, recebeu em dezembro de 1992, na clínica Universitária de Hamburgo, um novo fígado. Os motivos pareciam prementes. Gerda Essler, sua esposa, conta: "Esse transplante de fígado era necessário porque meu marido — devido a uma hepatite e posterior cirrose do fígado, da qual já sofria por vinte anos — só tinha semanas ou meses de vida". Prometeram ao homem de 63 anos uma recuperação completa.
O transplante durou doze horas. Devido a fortes hemorragias, a cavidade abdominal foi preenchida com panos quentes. Isso exigiu uma nova operação no dia seguinte, que durou seis horas. Novamente ocorreram hemorragias gravíssimas. Gerda relata: "Quando vi meu marido após a segunda operação quase desmaiei. Uma enfermeira me amparou. Meu marido, com os olhos arregalados de terror, parecia ter passado pelo inferno ou ter sido assassinado, esquartejado e recosturado".
Gerhard Essler estava consciente, porém completamente paralisado. Respirava por meio de aparelhos. Após cinco dias, perdia temporariamente a consciência. Depois de 11 dias, foi operado pela terceira vez. No 13º dia ele morreu na UTI. Dois outros transplantados do fígado estavam sofrendo na UTI de maneira igualmente cruel e sem esperança.
Gerda continua: "Só quando meu marido já estava morrendo, um dos médicos da UTI me disse que deveria ficar feliz com a morte dele, pois isso seria melhor do que a vida com um fígado novo. “Isso não seria vida, apenas vegetar, com medo constante da morte, devido a uma rejeição ou infecção”.
A clínica remeteu ao seguro-saúde de G. Essler uma conta no valor de 115 mil dólares. Haviam prometido a cura ao doente.
Gerda faz um resumo de sua experiência no hospital: "Depois de acompanhar durante duas semanas o martírio desses três transplantados do fígado, sou da firme opinião que não podemos expor um ser humano a uma tortura dessas, assim como não devemos maltratar animais."
Os depoimentos de onze pessoas são de arrepiar.
O vereador e teólogo Dieter Emmerling, de Frankfurt, descreve sua experiência com o diagnóstico "morte cerebral". O médico chefe da clínica pediu-lhe a autorização para retirar os órgãos de sua mulher, internada na UTI. A justificativa: "O cérebro já estava 95% morto no momento da internação e a tendência era piorar".
Emmerling sentiu um sério conflito de consciência: o transplante de órgãos seria uma possível salvação para outro doente em estado grave ou um sofrimento para sua mulher? Ela estaria mesmo morta?
À noite, ao sair, disse para a mulher, ligada aos aparelhos: "Lilo, agora vou para casa". As duas curvas no monitor deram um salto repentino para cima e para baixo, até os limites da tela. "Parecia um grito: Você não pode deixar-me sozinha agora! — Não foi o aparelho que gritou, foi minha mulher que gritou!".
SDieter Emmerling estava presente quando retiraram o tubo do respirador da boca de sua mulher: "Lilo morta? Ela continuou a respirar sozinha sem tubo e sem aparelho. Durante dois dias e duas noites, amigas e amigos se revezaram junto ao seu leito". Lilo morreu no dia 30 de outubro às 9h e 15min.
Continua Emmerling: "A raiva cresceu dentro de mim; raiva pelo que tinha acontecido. Meu pedido enfático — 'Deixem minha mulher morrer com dignidade!' — havia sido desrespeitado? Haviam evitado que ela morresse, para manter seus órgãos vivos para um transplante?"
A socióloga da área médica Gisela Wuttka confessa: "Há muito tempo rasguei meu cartão de doadora de órgãos. Não é o medo de uma morte ligada a máquinas que domina meu pensamento. É a convicção de que ainda não estou morta quando é feito o diagnóstico "morte cerebral'".
O livro não aborda apenas os problemas relacionados à doação, mas narra também a experiência dos parentes de pessoas transplantadas.
Gerhard Essler, tabelião e advogado, recebeu em dezembro de 1992, na clínica Universitária de Hamburgo, um novo fígado. Os motivos pareciam prementes. Gerda Essler, sua esposa, conta: "Esse transplante de fígado era necessário porque meu marido — devido a uma hepatite e posterior cirrose do fígado, da qual já sofria por vinte anos — só tinha semanas ou meses de vida". Prometeram ao homem de 63 anos uma recuperação completa.
O transplante durou doze horas. Devido a fortes hemorragias, a cavidade abdominal foi preenchida com panos quentes. Isso exigiu uma nova operação no dia seguinte, que durou seis horas. Novamente ocorreram hemorragias gravíssimas. Gerda relata: "Quando vi meu marido após a segunda operação quase desmaiei. Uma enfermeira me amparou. Meu marido, com os olhos arregalados de terror, parecia ter passado pelo inferno ou ter sido assassinado, esquartejado e recosturado".
Gerhard Essler estava consciente, porém completamente paralisado. Respirava por meio de aparelhos. Após cinco dias, perdia temporariamente a consciência. Depois de 11 dias, foi operado pela terceira vez. No 13º dia ele morreu na UTI. Dois outros transplantados do fígado estavam sofrendo na UTI de maneira igualmente cruel e sem esperança.
Gerda continua: "Só quando meu marido já estava morrendo, um dos médicos da UTI me disse que deveria ficar feliz com a morte dele, pois isso seria melhor do que a vida com um fígado novo. “Isso não seria vida, apenas vegetar, com medo constante da morte, devido a uma rejeição ou infecção”.
A clínica remeteu ao seguro-saúde de G. Essler uma conta no valor de 115 mil dólares. Haviam prometido a cura ao doente.
Gerda faz um resumo de sua experiência no hospital: "Depois de acompanhar durante duas semanas o martírio desses três transplantados do fígado, sou da firme opinião que não podemos expor um ser humano a uma tortura dessas, assim como não devemos maltratar animais."
Fonte: Gesundheitsberater 8/1996.
UNGETEILT STERBEN
Kritische Stimmen zur Transplatationsmedizin
Morrer sem ser retalhado. Críticas da medicina de transplantesGisela Lermann (org)
Lermann,
Mainz, Alemanha, 1996,
2ª ed ampliada, 167 p
Morrer sem ser retalhado. Críticas da medicina de transplantesGisela Lermann (org)
Lermann,
Mainz, Alemanha, 1996,
2ª ed ampliada, 167 p
Turista alemão declarado morto
Queriam tirar seus órgãos, mas ele se curou!
Em
Nápoles, agosto de 1995, um jovem turista alemão chamado Martin Banach
(18 anos) passava férias na Itália, quando, em Ísquia, foi atropelado
por um carro. Transportado, inconsciente, para o Hospital Cardarelli, de
Nápoles, ele foi imediatamente considerado futuro doador de órgãos:
queriam retirar-lhe coração, rins, fígados e olhos.
Felizmente,
foi encontrado em seu bolso um documento de identidade com seu endereço
em Düsseldorf e alguém informou à família. O pai de Martin, que atendeu
o telefone, ouviu a incrível pergunta: "Seu filho possui uma carteira
de doação de órgãos?" Explicaram que seu filho estava em coma, que não
havia mais nada a fazer e que o hospital precisava da autorização para a
retirada dos órgãos. "Não!" gritou o pai ao telefone "Não toquem em meu
filho!" Desesperados, os pais pegaram o primeiro avião para Nápoles.
Algumas
horas mais tarde, os pais de Martin chegaram ao hospital Cardarelli e
procuraram o serviço de reanimação, mas foram impedidos de entrar. Não
permitiram que eles vissem o filho, que recebeu apenas respiração
artificial para administrar oxigênio aos órgãos. É o que se faz com os
doadores potenciais antes da retirada dos órgãos.
No
dia seguinte, os pais foram novamente ao hospital na esperança de ver o
filho, mas novamente foram repelidos. Procuraram um intérprete para
serem melhor compreendidos. Falaram com um médico, Dr. Ruggeri, que
também se recusou a lhes mostrar Martin. Angustiados, aterrorizados, os
pais telefonaram para a Alemanha a um médico amigo da família e tentaram
conseguir um avião especial para o transporte de doentes. Antes de
alugar o avião, a empresa tomou informações junto ao Hospital
Cardarelli, onde lhe afirmaram que o paciente faleceu. Nova recusa: não
podem transportar "mortos".
Enquanto
o pai telefonava e passava desesperadamente apelos por fax, a mãe
montava guarda no hospital, em um corredor, diante do serviço de
terapias intensivas, onde não a deixavam entrar. Três dias mais tarde,
um avião com uma jovem médica muito decidida chegava da Alemanha. Fato
inacreditável: a própria médica não recebe permissão para ver Martin! Só
depois de longas insistências e ameaças, o Hospital Cardarelli abriu
finalmente a porta de aço atrás da qual se encontrava Martin. Estava
ali. Abandonado e sem tratamento, sozinho com o aparelho de oxigênio.
"Falem com ele" disse a médica. A mãe lhe acaricia os cabelos, o pai
segura suas mãos: as pálpebras de Martin então tremem!. Ele ainda estava
em coma, mas reconheceu seus pais! Martin foi transportado para a
Clínica Universitária de Essen, onde foi constatado um traumatismo
cerebral. Já no primeiro dia, porém, ele abriu os olhos e disse: "Quero
voltar para casa".
Atualmente,
Martin terminou seus estudos e joga basquete. Ele não apresenta nenhuma
lesão permanente; está totalmente curado: "Lutarei para que ninguém
retire os órgãos de pacientes com 'morte cerebral' — diz ele — eu tive
sorte, graças a meus pais maravilhosos. Mas quantos não a tiveram?"
_____
Fonte: A revista suíça Orizzonti de informação médica, nº 43, dezembro 1997.
_________
Transplante de órgãos
Pastora apresenta queixa ao Tribunal Superior Federal da Alemanha
A
pastora Ines Odaischi, da Igreja Evangélica do Estado de
Baden-Württemberg, apresentou em janeiro de 2001 uma queixa ao Superior
Tribunal Federal da Alemanha solicitando um aprimoramento da Lei do
Transplante: que a retirada de órgãos após a assim chamada "morte
cerebral" seja efetuada somente sob anestesia. Como durante a retirada
dos órgãos ocorrem nos doadores fortes oscilações na curva cardiológica,
bem como um aumento significativo da pressão sanguínea, sudorese e/ou
movimentos bruscos defensivos com braços e pernas, a pastora entende que
é preciso presumir que o agonizante apresenta uma certa forma de
consciência e também sente dor.
Além do testemunho de peritos, que confirmam a existência da sensação de dor em pacientes com "morte cerebral", a pastora apresenta uma carta da Fundação Alemã de Transplantação de Órgãos. Nessa carta admitem que não é possível verificar se um paciente declarado como caso de "morte cerebral" realmente não sinta mais nada.
Segundo a pastora (ela mesma doadora declarada de órgãos), precisam ser tomadas medidas legais imediatas, para que pessoas — que decidiram livremente doar os seus órgãos — não fiquem sujeitas a um martírio no momento da retirada dos órgãos. De acordo com a pastora, não é isto que ocorre: somente cerca de 50% dos agonizantes recebem uma anestesia — e isto apenas "por baixo do pano". Os demais são retalhados sem anestesia.
A pastora também considera a prática comum de diagnosticar a "morte cerebral" quando os pacientes inconscientes são — para constatar uma possível ausência das funções cerebrais — submetidos a métodos que visam provocar dor, sendo assim uma violação das leis constitucionais que protegem a dignidade humana e o direito à vida e à integridade física. Esses métodos incluem causar dores fortes para provocar reflexos: picar as narinas, irritar as córneas e a garganta, irritar os brônquios com sonda, exercer forte pressão sobre o globo ocular, introduzir água gelada no canal auditivo e até fazer uma angiografia. Segundo declarações de peritos, não é possível descartar a possibilidade de que os pacientes em coma fujam das dores causadas para diagnosticar a morte cerebral entrando em um coma mais profundo ou até chegar à morte. Como uma angiografia pode ser letal para um paciente com trauma cerebral, a pastora também rejeita este tipo de diagnóstico.
Além do testemunho de peritos, que confirmam a existência da sensação de dor em pacientes com "morte cerebral", a pastora apresenta uma carta da Fundação Alemã de Transplantação de Órgãos. Nessa carta admitem que não é possível verificar se um paciente declarado como caso de "morte cerebral" realmente não sinta mais nada.
Segundo a pastora (ela mesma doadora declarada de órgãos), precisam ser tomadas medidas legais imediatas, para que pessoas — que decidiram livremente doar os seus órgãos — não fiquem sujeitas a um martírio no momento da retirada dos órgãos. De acordo com a pastora, não é isto que ocorre: somente cerca de 50% dos agonizantes recebem uma anestesia — e isto apenas "por baixo do pano". Os demais são retalhados sem anestesia.
A pastora também considera a prática comum de diagnosticar a "morte cerebral" quando os pacientes inconscientes são — para constatar uma possível ausência das funções cerebrais — submetidos a métodos que visam provocar dor, sendo assim uma violação das leis constitucionais que protegem a dignidade humana e o direito à vida e à integridade física. Esses métodos incluem causar dores fortes para provocar reflexos: picar as narinas, irritar as córneas e a garganta, irritar os brônquios com sonda, exercer forte pressão sobre o globo ocular, introduzir água gelada no canal auditivo e até fazer uma angiografia. Segundo declarações de peritos, não é possível descartar a possibilidade de que os pacientes em coma fujam das dores causadas para diagnosticar a morte cerebral entrando em um coma mais profundo ou até chegar à morte. Como uma angiografia pode ser letal para um paciente com trauma cerebral, a pastora também rejeita este tipo de diagnóstico.
Fonte: Raum & Zeit, nº 110, março/abril 2001, Wolfratshausen, Alemanha.
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