A
esclerose múltipla afeta o sistema nervoso central, também designado por
sistema nervoso cerebroespinal, porque compreende os órgãos cerebrais –
cérebro, cerebelo e bulbo raquidiano – e os órgãos espinais, como a medula
espinal e todos os nervos motores sensitivos que deles derivam. É graças ao
sistema nervoso central que nos apercebemos do que nos rodeia e que agimos em
consequência. Os cinco sentidos informam-nos das características do meio em que
nos encontramos. As informações recebidas pelos nervos sensitivos são transitidas
ao cérebro pela medula espinal, que elabora as respostas às solicitações
externas.
Apesar
de a informação que penetra ser sempre sensitiva (sensação de frio, de ardor,
aroma agradável, suave, ácido, percepção visual dos objetos, das pessoas,
etc.), a resposta é sempre motora. O cérebro e a medula espinal, agora através
dos nervos motores, desencadeiam a contração dos músculos dos nossos membros. É
através do movimento que agimos sobre o exterior; por exemplo, deslocamo-nos
em direção ao objeto de que nos apercebemos para podermos agarrá-lo, escrevemos
e falamos uns com os outros, etc.
Por
exemplo, como adultos, nem sequer refletimos sobre a forma de mover os membros
para podermos andar. No entanto, na primeira infância, a arte de caminhar
foi objeto de aturada aprendizagem. Foi necessário aprendermos a coordenar os
nossos movimentos e a encontrar o equilíbrio, ao cabo de muitas tentativas, de
um treino contínuo e… de inúmeras quedas. Se agora nos movimentamos com tanta
facilidade, é porque a aprendizagem terminou e porque dispomos de um
maravilhoso instrumento, altamente aperfeiçoado, que realiza com fidelidade e
rapidez o que lhe pedimos. O trabalho conjunto de milhões de fibras nervosas
dispersas pelos órgãos dos sentidos e pelos músculos, assim como todas as que
se agrupam no cérebro, no cerebelo e na medula, permitem-nos realizar os
movimentos precisos e determinados que desejamos. Efetivamente, quando
queremos pegar num objeto, a vontade de segurá-lo é suficiente para
desencadear, automaticamente, toda a série de movimentos necessários.
As
informações sensitivas que se dirigem ao cérebro e as ordens que este transmite
aos músculos percorrem os filamentos nervosos que se encontram protegidos por
um invólucro isolador, exatamente como os fios elétricos. Este invólucro protetor
está impregnado de uma substância gordurosa que contém fósforo: a mielina. Ora,
na esclerose múltipla, este invólucro de mielina é destruído em alguns lugares
(por placas), e, nessas zonas, é substituído por um tecido cicatrizante que não
contém mielina. A formação de um tecido cicatrizante que substitui o tecido
nobre é a reação normal do corpo para reparar os tecidos agredidos. Quando a
natureza desse tecido não é idêntica à do tecido original, diz-se que há
esclerose da região afetada.
A
esclerose múltipla é, pois, uma doença que se caracteriza pela formação de
placas esclerosadas em pontos diferentes do sistema nervoso central. Daqui
resulta, inevitavelmente, uma diminuição funcional dos nervos atingidos,
diminuição essa que pode progredir e chegar a uma deficiência total. Os danos
manifestam-se de várias maneiras, dependendo da localização das placas de
esclerose, mas o leque possível desses danos está determinado pelas próprias
funções do sistema nervoso central:
-
danos sensitivos: o doente já não recebe os sinais
sensitivos, ou recebe-os com atraso. Tem dificuldade em localizar o ponto do
seu corpo do qual provém a sensação táctil ou térmica. As
sensações recebidas podem, também, ser anormais: formigueiros, ardores.
Regra geral, as percepções são mal compreendidas: há dificuldade em distinguir
a diferença de peso entre os objectos; na sua consistência, duro ou mole; na
sua temperatura, quente ou frio. A acuidade visual também pode diminuir ou,
até, desaparecer. A pessoa atingida pela esclerose múltipla não consegue
aperceber-se normalmente do ambiente que a rodeia, não sendo capaz de o
“sentir” adequadamente;
-
danos motores: o doente sente grande dificuldade em
adaptar os seus movimentos ao gesto que deseja realizar; são demasiado amplos
ou demasiado curtos e imprecisos, mal coordenados.
O
indivíduo não se situa bem no espaço, tem vertigens e perde o equilíbrio. A sua
musculatura encontra-se em parte inoperante, ou está demasiado débil para
realizar os movimentos. A paralisia é mais ou menos importante, e a sua
extensão depende do estádio em que se encontra a doença. Permanecer de pé,
caminhar, efetuar os mil e um gestos inerentes à vida quotidiana para se lavar,
vestir, comer, trabalhar, etc, são atos que apresentam enormes dificuldades,
uma vez que superam as capacidades motoras do doente.
Por
outro lado, existem movimentos involuntários que são incontroláveis: tremores
ou movimentos oscilatórios dos globos oculares, mau funcionamento dos
esfíncteres. Quando o próprio cérebro é atingido pelas placas de esclerose,
podem também existir manifestações de transtornos psíquicos.
Certamente
que um indivíduo afetado pela esclerose múltipla não sofrerá todos estes
transtornos ao mesmo tempo e nem sempre, necessariamente, de uma forma tão
intensa. Como todas as doenças, a esclerose múltipla é um estado anormal que se
instala progressivamente. Inicialmente, os danos são ligeiros e localizados,
depois, aumentam e dispersam-se. A evolução é diferente de doente para doente.
Existem duas formas principais:
-
a forma rápida: Os transtornos manifestam-se e pioram
rapidamente, sem qualquer período de latência;
-
a forma lenta: atua por arrancos entrecortados por
intervalos mais ou menos longos. Nestes intervalos, os danos nervosos que se
instalaram no momento das crises podem desaparecer completamente. Com a
progressão da doença, os transtornos já não desaparecem completamente, as
crises repetem-se com maior frequência, as deficiências vão-se acumulando e as
lesões agravam-se.
Geralmente,
quando se adota um tratamento correto, quer dizer, um tratamento que se dirija
às causas, os danos tendem a estabilizar-se. Com a continuação, em função do
ataque ao sistema nervoso e dos esforços desenvolvidos para a correção do
terreno, os danos podem também diminuir de intensidade, tornar-se mais raros
ou, mesmo, desaparecer.
Com
efeito, a esclerose em placas depende igualmente do estado do terreno. Além
disso, nesta doença é possível comprovar este aspecto de forma bastante clara.
Quanto mais se deteriora o terreno, quanto mais o doente se cansa por excesso
de trabalho, mais se sobrealimenta, fuma ou ingere álcool em excesso, as suas
capacidades de funcionamento diminuem; em troca, sempre que há uma melhoria no
estado do terreno, a mobilidade do paciente melhora também.
Seria
errado pensar-se que a melhoria do terreno e do estado geral do paciente só
poderão obter-se através de medicamentos, uma vez que as melhoras mais
significativas; e duradouras se devem a coisas tão simples como a modificação
do regime alimentar ou do funcionamento dos órgãos depuradores e excretores.
Efetivamente, não é pela falta de medicamentos que o corpo adoece, mas sim
devido às repercussões nefastas que evacuações insuficientes e uma alimentação
inadequada exercem sobre o terreno.
A
degradação do sistema nervoso é paralela à degradação do terreno. Esse
paralelismo explica o aparente mistério da lenta ou rápida evolução da doença.
Com efeito, a velocidade e o ritmo da degradação do terreno dependem do modo de
vida que adotamos, quer dizer, de acordo com o que comemos, bebemos, com a
tensão a que nos sujeitamos e as preocupações a que estamos expostos, os
medicamentos que tomamos, etc.
De
que forma influi o estado do nosso terreno no estado do sistema nervoso? Dito
por outras palavras, como se destrói e endurece o invólucro de mielina que
protege os filamentos nervosos?
Os
filamentos nervosos não estão isolados, resguardados de todo o contato com os
demais tecidos. Para que funcionem, são também irrigados pelo sangue e,
por isso, estão em relação com todo o resto do organismo. Consoante a
composição do sangue, os nervos nadam em líquidos puros e nutritivos ou, pelo
contrário, impuros e carenciados. O invólucro de mielina e os filamentos
nervosos possuem um funcionamento e uma capacidade mais ou menos grande de
regeneração, de acordo com aquilo que lhes é levado pelo sangue.
As
suas debilidades e falta de resistência são produtos da irritação e do
envenenamento determinado por todos os resíduos e substâncias tóxicas
conduzidas pelo sangue, quer se trate de resíduos do metabolismo ou de venenos
exteriores, como os excitantes ou os medicamentos que atuam sobre o próprio
sistema nervoso (soníferos, calmantes, anestésicos e outros). A agressão feita
aos nervos pelos micróbios e o seu envenenamento pelas substâncias tóxicas que
segregam também contribuem para debilitar o sistema nervoso em geral.
Os
excitantes (café, chá, cacau e tabaco), cujo grau de nocividade tendemos a
minimizar, exercem um efeito bastante nefasto sobre o sistema nervoso. Como já
vimos anteriormente, contêm venenos ou substâncias tóxicas, solúveis tanto na
água como nas gorduras.
O
invólucro protetor do nervo, a mielina, é uma substância gorda e não representa
uma proteção contra estes venenos. O seu consumo regular provoca, por
conseguinte, uma intoxicação e, com ela, uma fragilização do sistema nervoso.
Na
degradação do sistema nervoso, é necessário ter em consideração as carências
nutritivas que impedem que os nervos funcionem corretamente e que os invólucros
se regenerem. Os nervos são especialmente sensíveis às carências em magnésio,
cálcio, fósforo e vitaminas do complexo B. O invólucro de mielina depende,
antes de mais, dos ácidos gordos não saturados (vitamina F), da lecitina e do
fósforo.
Com
a degradação do terreno, mediante a acumulação de sobrecargas e carências, a
resistência de todos os órgãos, inclusive dos nervos, diminui
consideravelmente. Assim, o sistema nervoso torna-se muito mais sensível às
diversas agressões. Na esclerose múltipla, uma vez que ela surge, é porque
existiu uma agressão. Esta agressão é fruto de micróbios ou de substâncias
tóxicas. Dada a presença progressiva, ao longo dos anos, de placas esclerosadas
sobre os filamentos nervosos, não é possível atribuir essa presença a uma
infecção ou a um envenenamento acidental único. Verifica-se sempre que a causa
da presença da esclerose é contínua e automantida.
A
repetição dos nossos erros de higiene de vida, sobretudo erros alimentares,
provoca um estado contínuo de auto intoxicação que atua negativamente de duas
formas:
A
massa de alimentos desnaturados, deficientes e demasiado ricos que consumimos
entra facilmente em fermentação e putrefacção no intestino. Os numerosos
venenos que se formam deste modo esgotam as capacidades de neutralização e de
eliminação do fígado, que permite, então, que esses resíduos circulem
livremente pelo corpo e agridam os tecidos e, portanto, os nervos.
As
fermentações e putrefações contínuas ou periódicas que se produzem no
intestino modificam as condições de vida da flora intestinal. Os
microrganismos que a compõem transformam-se e tornam-se virulentos. Abandonam o
meio intestinal e distribuem-se por todo o corpo. Depois, geralmente,
implantam-se, proliferam e originam lesões inflamatórias em lugares
especialmente debilitados do organismo; no caso de um doente acometido de
esclerose múltipla, alojam-se no sistema nervoso.
Para
salvar o seu sistema nervoso, o paciente deve alcançar dois objetivos. Por um
lado, aumentar a sua resistência, mantendo o seu sangue puro e nutritivo. Por
outro, suprimir as possibilidades de agressão por parte dos venenos
intestinais e pelas infecções microbianas com ponto de partida intestinal. Uma
única terapia permite realizar esses dois objetivos: a correção do terreno.
Salvaremos
o sistema nervoso mantendo o sangue puro e nutritivo e suprimindo as
possibilidades de agressão de origem intestinal.
(Christopher Vasey trecho do livro Compreender as doenças Graves)
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TRATAMENTO
INTEGRAL
Desintoxicando Mente /Corpo e Mineralizando
www.cuidebemdevoce.com
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