É oficial. Conheça oito novas doenças que surgiram
- ou pioraram - por conta do uso quase compulsivo da Internet e dos
dispositivos digitais móveis
Uso excessivo da
internet e de dispositivos móveis tem causado novos distúrbios (Reprodução)
via IDGNow
A Internet é um
buffet infinito de vídeos de gatos, TV e Instagrams de celebridades. Mas ela
também pode estar aos poucos levando você à beira da insanidade. E não estamos
aqui usando nenhuma figura de linguagem.
À medida que a
Internet evoluiu para ser onipresente da vida moderna, testemunhamos o aumento
de uma série de transtornos mentais distintos ligados diretamente ao uso da
tecnologia digital. Até recentemente, esses problemas, amenos ou destrutivos,
não tinham sido reconhecidos oficialmente pela comunidade médica.
Algumas dessas
desordens são novas versões de aflições antigas, renovadas pela era da banda
larga móvel, enquanto outras são criaturas completamente novas. Não fique
surpreso se você sentir uma pontinha de – pelo menos – uma ou duas delas.
Nomophobia
O que é: a
ansiedade que surge por não ter acesso a um dispositivo móvel. O termo
“Nomophobia” é uma abreviatura de “no-mobile phobia” (medo de ficar sem
telefone móvel).
Sabe aquela
horrível sensação de estar desconectado quando acaba a bateria do seu celular e
não há tomada elétrica disponível? Para alguns de nós, há um caminho neural que
associa diretamente essa sensação desconfortável de privação tecnológica a um
tremendo ataque de ansiedade.
A nomophobia é o
aumento acentuado da ansiedade que algumas pessoas sentem quando são separadas
de seus telefones. E não se engane, pois não se trata de um #FirstWorldProblem
(problema de primeiro mundo). O distúrbio pode ter efeitos negativos muito
reais na vida das pessoas no mundo todo. E é mais intenso nos heavy users de
dispositivos móveis.
Tanto que essa
condição encontrou seu caminho na mais recente edição do Diagnostic and
Statistical Manual of Mental Disorders (DSM-5, ou Manual Diagnóstico e
Estatístico de Distúrbios Mentais) e levou a um programa de tratamento dedicado
à Nomophobia no Centro de Recuperação Morningside em Newport Beach, Califórnia.
“Estamos
condicionados a prestar atenção às notificações dos nossos telefones”, disse
Rosen. “Somos como os cães de Pavlov, de certa
forma. Você vê as pessoas pegarem seus celulares e dois minutos depois fazerem
a mesma coisa, mesmo que nada tenha ocorrido. Isso é impulsionado pela ação
reflexa, bem como pela ansiedade para se certificar de que não ter perdido
nada. É tudo parte da reação FOMO (Fear Of Missing Out, ou medo de estar
perdendo algo).”
Síndrome do toque fantasma
O que é: quando
o seu cérebro faz com que você pense que seu celular está vibrando no seu bolso
(ou bolsa, se você preferir).
Alguma vez você
já tirou o telefone do bolso porque o sentiu tocar e percebeu depois que ele
estava no silencioso o tempo todo? E, ainda mais estranho, ele nem estava no
seu bolso para começo de conversa? Você pode estar delirando um pouco, mas não
está sozinho.
Segundo o Dr.
Larry Rosen, autor do livro iDisorder,
70% dos heavy users (usuários intensivos) de dispositivos móveis já
relataram ter experimentado o telefone tocando ou vibrando mesmo sem ter
recebido nenhuma ligação. Tudo graças a mecanismos de resposta perdidos em
nossos cérebros.
“Provavelmente sempre sentimos um leve formigamento
no nosso bolso. Há algumas décadas nós teríamos apenas assumido que isso era
uma leve coceira e teríamos coçado”, diz Rosen em
entrevista ao TechHive.
“Mas agora, nós configuramos
o nosso mundo social para girar em torno dessa pequena caixa em nosso bolso.
Então, sempre que sentimos um formigamento, recebemos uma explosão de
neurotransmissores do nosso cérebro que podem causar tanto ansiedade quanto
prazer e nos preparam para agir. Mas ao invés de achar que é uma coceira,
reagimos como se fosse o telefone que temos que atender prontamente”, completa.
No futuro, com a
computação vestível, há o risco da doença evoluir para novas formas, como, por
exemplo, usuários de Google Glass começarem a ver coisas que não existem porque
seu cérebro está ligado a sinais típicos do aparelho.
Náusea Digital (Cybersickness)
O que é: a
desorientação e vertigem que algumas pessoas sentem quando interagem com
determinados ambientes digitais.
A última versão
do iOS, sistema operacional móvel da Apple, é uma reivenção plana, versátil e
bonita da interface do usuário móvel. Infelizmente, ela também faz as pessoas
vomitarem e forneceu o mais recente exemplo da doença.
Assim que a nova
versão do iOS foi liberada para os usuários de iPhone e iPad no mês passado, os
fóruns de suporte da Apple começaram a encher com reclamações de pessoas que sentem
desorientação e náuseas depois de usar a nova interface.
Isso tem sido
atribuído em grande parte ao efeito que faz com que os ícones e a tela de
abertura pareçam estar se movendo dentro de um mundo tridimensional abaixo do
visor de vidro.
Essas tonturas e
náuseas resultantes de um ambiente virtual foram apelidadas de ciberdoença. O
termo surgiu na década de 1990 para descrever a sensação de desorientação
vivida por usuários iniciais de sistemas de realidade virtual. É basicamente o
nosso cérebro sendo enganado e ficando enjoado por conta da sensação de
movimento quando não estamos realmente nos movimentando.
Depressão de Facebook
O que é: a
depressão causada por interações sociais (ou a falta de) no Facebook.
Os seres humanos
são criaturas sociais. Então você pode pensar que o aumento da comunicação
facilitada pelas mídias sociais faria todos nós mais felizes e mais contentes.
Na verdade, o oposto é que parece ser verdade.
Um estudo da
Universidade de Michigan mostra que o grau de depressão entre jovens
corresponde diretamente ao montante de tempo que eles gastam no Facebook.
Uma possível
razão é que as pessoas tendem a postar apenas as boas notícias sobre eles
mesmos na rede social: férias, promoções, fotos de festas, etc. Então é super
fácil cair na falsa crença de que todos estão vivendo vidas muito mais felizes
e bem-sucedidas que você (quando isso pode não ser o caso).
Tenha em mente
que esse crescimento da interação das mídias sociais não tem que levar ao
desespero.
O Dr. Rosen
também conduziu um estudo sobre o estado emocional dos usuários do Facebook e
identificou que, enquanto realmente há uma relação entre o uso do Facebook e
problemas emocionais como depressão, os usuários que possuem um grande número
de amigos na rede social mostraram ter menor incidência de tensão emocional.
Isso é
particularmente verdade quando o uso da mídia social é combinado com outras
formas de comunicação, como falar ao telefone.
Moral da
história: 1) não acredite em tudo o que seus amigos postam no Facebook e 2)
pegue o telefone de vez em quando.
Transtorno de Dependência da Internet
O que é: uma
vontade constante e não saudável de acessar à Internet.
O Transtorno de
Dependência da Internet (por vezes referido como Uso Problemático da Internet)
é o uso excessivo e irracional da Internet que interfere na vida cotidiana. Os
termos “dependência” e “transtorno” são um pouco controversos na comunidade
médica, já que a utilização compulsiva da Internet é vista frequentemente como
sintoma de um problema maior, em vez de ser considerada a própria doença.
“Diagnósticos duplos fazem parte de tratamentos, de
modo que o problema está associado a outras doenças, como depressão, TOC,
Transtorno de Déficit de Atenção e ansiedade social”, diz a Dra. Kimberly Young. A médica é responsável pelo Centro de
Dependência da Internet, que trata de inúmeras formas de dependência à rede,
como o vício de jogos online e jogos de azar, e vício em cibersexo.
Além disso, ela
identificou que formas de vício de Internet geralmente podem ser atribuídas a “baixa autoestima, baixa autossuficiência e
habilidades ruins”.
Vício de jogos online
O que é: uma
necessidade não saudável de acessar jogos multiplayer online.
De acordo com um
estudo de 2010 financiado pelo governo da Coreia do Sul, cerca de 18% da
população com idades entre 9 e 39 anos sofrem de dependência de jogos online. O
país inclusive promulgou uma lei chamada “Lei Cinderela”, que corta o acesso a
games online entre a meia-noite e às 6 da manhã para usuários com menos de 16
anos em todo o país.
Embora existam
poucas estatísticas confiáveis sobre o vício em videogames nos Estados Unidos, o número de grupos de ajuda
online especificamente destinados a essa aflição aumentou nos últimos anos.
Exemplos incluem o Centro para Viciados em Jogos Online e o Online Gamers
Anonymous, que formou o seu próprio programa de recuperação de 12 passos.
Embora a atual
edição do Diagnostic and Statistical Manual of Mental Disorders não reconheça o
vício em jogos online como um transtorno único, a Associação Psiquiátrica
Americana decidiu incluí-lo em seu índice (ou seção III), o que significa que
estará sujeito a mais pesquisa e pode eventualmente ser incluído junto a outras
dependências não baseadas em substâncias químicas, como o vício em jogos de
azar.
“Quando você é dependente de algo, seu cérebro
basicamente está informando que precisa de certas substâncias
neurotransmissoras, particularmente a dopamina e a serotonina, para se sentir
bem”, diz o Dr. Rosen. “O cérebro aprende rapidamente que certas atividades vão liberar essas
substâncias químicas. Se você é um viciado em jogos de azar, tal atividade é o
jogo. Se você é um viciado em jogos online, então a atividade é jogar
vídeogames. E a necessidade de receber os neurotransmissores exige que você
faça repetidamente a atividade para se sentir bem.”
Cibercondria, ou hipocondria digital
O que é: a
tendência de acreditar que você tem doenças sobre as quais leu online.
O corpo humano é
um magnífico apanhado de surpresas que constantemente nos presenteia com dores
misteriosas, aflições e pequenos inchaços que não estavam ali da última vez que
verificamos. Na maioria das vezes, essas pequenas anormalidades não dão em
nada.
Mas os vastos
arquivos de literatura médica disponíveis online permitem que a nossa
imaginação corra solta em todos os tipos de pesadelos médicos!
Teve uma dor de
cabeça? Provavelmente não é nada. Mas, de novo, a WebMD diz que essas dores de
cabeça são um dos sintomas de tumor no cérebro. Há uma chance de você morrer
muito em breve! É esse o tipo de pensamento que passa pela cabeça de um
cibercondríaco – que juntam fatores médicos para chegar às piores conclusões
possíveis.
E isso está
longe de ser incomum. Em 2008, um estudo da Microsoft descobriu que
autodiagnósticos feitos a partir de ferramentas de busca online geralmente
levam os “buscadores aflitos” a concluir o pior. A hipocondria sempre existiu,
claro, mas antes as pessoas não tinham a Internet para ajudar a pesquisar
informações médicas às três da manhã. A cibercondria é apenas uma hipocondria
com conexão banda larga.
“A Internet pode exarcebar os sentimentos
existentes de hipocondria e, em alguns casos, causar novas ansiedades. Porque
há muita informação médica lá fora, e algumas são reais e válidas e outras
contraditórias”, disse o Dr. Rosen. “Mas, na Internet, a maioria das pessoas não pratica a leitura literal
da informação. Você pode encontrar uma maneira de transformar qualquer sintoma
em milhares de doenças terríveis. Você alimenta essa sensação de que está
ficando doente.”
O efeito Google
O que é: a
tendência do cérebro humano de reter menos informação porque ele sabe que as
respostas estão ao alcance de alguns cliques.
Graças à
Internet, um indivíduo pode facilmente acessar quase toda a informação que a
civilização armazenou ao longo de toda sua vida. Acontece que essa vantagem
acabou alterando a forma como nosso cérebro funciona.
Identificada
algumas vezes como “The Google Effect” (ou efeito Google) as pesquisas mostram
que o acesso ilimitado à informação faz com que nossos cérebros retenham menos
informações. Ficamos preguiçosos. Em algum lugar do nosso cérebro está o
pensamento “eu não preciso memorizar isso porque posso achar no Google mais
tarde”.
Segundo o Dr.
Rosen, o Efeito Google não é necessariamente uma coisa ruim. Ele poderia ser
visto como o marco de uma mudança social, uma evolução que apontaria para o
nascimento de uma população mais esperta e mais informada. Mas também é
possível, admite ele, que tenha resultados negativos em certas situações. Por
exemplo, um jovem adolescente não memorizar a matéria das provas porque ele
sabe que a informação estará no Google quando ele precisar, diz o médico.
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