1 de setembro de 2010 | postado por Cinthya Leite
Dedicado, Carlos Bayma não se limita a analisar só
a saúde urológica dos seus pacientes (Foto: Juan Pablo Ausín / Divulgação)
Com a chegada de setembro, é hora de nosso
blog atualizar a seção mensal O especialista,
cujo segundo post traz um profissional que cuida dos probleminhas
urológicos e também se preocupa muito com o leque variado de sentimentos
que os pacientes levam para o consultório. Pois é, o valor que Dr. Carlos Bayma
atribui às nossas emoções é alto.
E eu concordo com esse posicionamento dele, pois
sei que a saúde mental é um bem precioso. Urologista dedicado, ele está cada
vez mais ativo no mundo online. Levou o seu projeto Conhecer para mudar (que tem como sigla CPM) para a internet,
num formato de blog, que oferece informações de sobra para pessoas de todas as
faixas etárias. Lá, ele não fala só de doenças urológicas. Escreve sobre outros
assuntos relacionados a saúde física e mental, a bem-estar e a qualidade de
vida.
Não é raro encontrá-lo à frente de alguma palestra,
já que ele adora passar adiante os conhecimentos de uma forma didática.
Por sinal, hoje, às 18h45, ele conversa com o público da Livraria Jaqueira sobre auto sabotagem – em
linhas gerais, é caracterizada por um ciclo de comportamentos repetitivos que
só trazem sofrimento.
Admiro médicos que não guardam o que sabe só para
si próprio. Espalhar informações é sempre muito bom, concordam? Além de tudo
isso, Dr. Carlos Bayma ainda tem tempo de se reunir com os amigos para tocar.
Acreditem: é um baterista de mão cheia – a foto que está no meio deste post é a
prova disto.
Dia desses, lembrei que meu primeiro contato com
ele foi em abril de 2004, quando eu estava produzindo uma matéria sobre câncer
de próstata. Na época, ele me disse que o tratamento da doença depende do
estágio e da agressividade do tumor. “A terapia inclui acompanhamento clínico e
retirada total da próstata. Em alguns casos, é preciso indicar a hormonioterapia,
a radioterapia e a braquiterapia”, afirmou Bayma, na matéria publicada há mais
de seis anos no Jornal do Commercio (pena eu não ter as páginas em PDF ou JPG.
Se tivesse, iria colocá-lo na seção “Matérias que amo” deste Casa Saudável).
Ainda revendo as minhas reportagens do JC, vi que
ele me concedeu outra entrevista sobre disfunção erétil. Isso foi em novembro
de 2005. É tempo, viu?!? Os dias passam, e a gente nem se dá conta!!! Voltando
à matéria… O texto foi feito com base numa pesquisa que demonstrou que os
homens que possuem o problema levam dois anos para contar sobre a impotência ao
médico.
Na matéria, Dr. Carlos Bayma destaca: “Eles só
marcam visitas ao consultório para fazer exame de próstata. É que ainda existe
a ideia de que disfunção erétil é sinônimo de fracasso sexual”, disse o médico,
que disse verificar a presença masculina nas clínicas apenas quando o homem não
aguenta mais a pressão da parceira. Essas duas reportagens foram publicadas no
extinto caderno dominical Família, que foi substituído pela Revista JC, da qual
participo com muito empenho.
Agora, com muito prazer, o Casa Saudável
publica esta entrevista exclusiva e informal (ah, e gostosa de ler) com Dr.
Carlos Bayma. Acompanhem abaixo os destaques da conversa que tive com ele.
O PAPEL DE CUIDAR
“Como médico, cuidar das pessoas faz parte da
profissão. E não significa carregá-las nas costas. Afinal, no tratamento, assim
como no diagnóstico e prognóstico (acompanhamento), existe a parte que cabe ao
paciente e/ou à família dele. Cuidar significa orientar, encorajar, tornar o
caminho menos doloroso. É ser honesto, paciente, ético e até duro, quando assim
exigir o momento. E mais: cuidar é parte da vida assim como ser cuidado.
Entretanto, jamais querer que o outro o carregue ou servir de escora para
pessoas que fazem da chantagem sutil ou descarada um meio de vida.”
CUIDADOS COM A SAÚDE
“Não é muito obediente não. Talvez por ser médico,
muitas vezes – e até inadvertidamente – deixo de fazer o que me foi proposto
pelo médico que consultei. Não recomendo essa prática, e esse é realmente um
problema dos médicos, o de querer ser seu próprio médico, mesmo quando se trata
de outra especialidade que não a sua. Prezo muito mais minha saúde mental e
transcendental do que a física, pois acho que esta última é consequência das
anteriores. Como não sou portador de doenças graves ou limitantes e nem carrego
traços genéticos mais graves, limito-me a realizar os check-ups anuais próprios
da minha faixa etária.”
ALIMENTAÇÃO E ATIVIDADE FÍSICA
Caminhadas fazem parte da vida do urologista (Foto:
Divulgação)
“Embora adore doces, evito-os. Menos o chocolate,
geralmente amargo ou meio amargo. Minha alimentação é baseada em grãos e óleos
insaturados, como linhaça, gergelim e soja. Gosto de saladas, frutos do mar e
peixes. E não tenho muita paixão por carnes vermelhas ou aves. Procuro fazer
meu cardápio à base de produtos integrais e orgânicos, quando assim é possível.
Nada de grandes exageros ou proibições. Quase nada de álcool porque esse tipo
de bebida me deixa nauseado. Quanto à atividade física, já fui mais ativo.
Todavia, não sou sedentário. Faço caminhadas ou ando de bicicleta de forma
regular, além de fazer alongamento matinal na hora do banho. Nem tanto, nem tão
pouco.”
Olhem só: fora do consultório e longe das
palestras, Dr. Carlos Bayma dá show na bateria (Foto: Divulgação)
“Meu tempo livre é sagrado. Só faço o que estou com
vontade. Geralmente medito, leio muito, escrevo e assisto a filmes. Em algumas
ocasiões, quando o tempo permite, reúno-me com amigos para tocar. Ah, sou
baterista. Frequentemente saio para fotografar paisagens e pessoas de forma
amadora. Viajar e dormir são outras paixões das quais não abro mão.”
MUNDO ONLINE
“Gosto da internet, mesmo com suas mazelas. Quando
bem usada, facilita a vida e pode trazer vantagens. Acredito que a web me faz
funcionar como um catalisador para despertar pessoas. Exponho minhas ideias sem
dificuldade, sem medo de críticas ou empolgação com elogios. A finalidade é
divulgação de conteúdos que possam trazer benefícios para o outro. Como
resposta, atraio benefícios para mim.”
PAPEL DO UROLOGISTA
“Acho que a população está começando a perceber que
o urologista não é só o médico do homem. Muita gente já sabe que podemos cuidar
dos problemas das mulheres. Em parte, a internet é responsável por essa
mudança. Porém, ainda é considerável o número de pessoas, mesmo instruídas, que
acha que o ‘urologista é o ginecologista dos homens’, o que realmente é uma
asneira.”
EXAME DO TOQUE
“O toque retal para avaliar a próstata só existe
porque esta fica ‘colada’ ao reto. A única razão é essa. Não há nada de sexual
nisso. Muito menos sinto qualquer tipo de prazer ou sarcasmo ao realizá-lo.
Entretanto, faz parte da investigação periódica da próstata, juntamente à
dosagem sanguínea do PSA (sigla em inglês para do inglês, antígeno prostático
específico) e à ultrassonografia desse órgão. A verdade é que o toque retal não
é necessário em todos os casos. Homens com menos de 50 anos, que apresentam PSA
e ultrassonografia normais, não se queixam de problemas urinários e não têm
história familiar, estão dispensados do toque retal. Nunca me submeti ao toque
retal, pois me encaixo no grupo que mencionei anteriormente. A vantagem do periódico
prostático é surpreender o câncer antes que ele o surpreenda, pois, em muitos
casos, o tumor evolui de forma sorrateira e silenciosa. Vale dizer que, uma vez
diagnosticado em sua fase inicial, o câncer de próstata tem enormes chances de
cura.”
HOMEM NO UROLOGISTA
“Se o homem não tem história familiar de câncer
prostático, deve começar a ir ao urologista com frequência a partir dos 45
anos. E se tiver história de câncer em parentes de primeiro grau, a partir dos
40 anos. Ou em qualquer faixa etária se apresentar sintomas de alterações
urinárias ou ejaculatórias, mais especificamente se houver sangue na urina ou
no esperma.”
Urologista é médico do homem - e também da mulher
(Foto: Divulgação)
MULHER NO UROLOGISTA
“Já a mulher deve ir ao urologista sempre que
apresentar casos de alterações urinárias. Isso inclui incontinência urinária,
infecções urinárias de repetição, cálculos renais, cistocele (bexiga baixa) e
tumores do sistema urinário.”
PROBLEMAS COMUNS NO CONSULTÓRIO
“Existem três queixas que predominam nas consultas:
disfunção erétil (impotência sexual), incontinência urinária (principalmente em
mulheres) e dificuldade miccional. Nos homens jovens, a ejaculação precoce e as
doenças sexualmente transmissíveis são mais frequentes.”
MEDICINA PSICOSSOMÁTICA
“Acredito que sempre vi ou procurei enxergar o ser
humano com um todo, de uma forma holística. A psicossomática, ou medicina
mente-corpo, por si só, é insatisfatória. O ideal é que os médicos tivessem um
conhecimento ampliado do ser humano, incluindo a medicina dos doshas (indiana),
a medicina sutil (chinesa e tibetana) e a homeopatia. A medicina tradicional
ocidental (alopática) é muito boa para situações de emergência, mas deixa a
desejar nas doenças crônicodegenerativas, quando atua apenas paliativamente. Um
conjunto das melhores partes de cada medicina seria, em minha opinião, o mais
interessante para o paciente.”
VIDA A DOIS
"Creio mais na pessoa certa, que se encaixa na
sua vida, assim como você na dela, navegando num mar de interesses
comuns", poetiza Bayma (Foto: Divulgação)
“Minha companheira, Joseane Duque, e eu nos
conhecemos há dois anos pela internet. E estamos juntos há um ano e meio. Temos
filhos sim. Ela tem os dela; e eu, os meus. No total, são cinco. Sobre a
felicidade conjugal, desconheço realmente algum segredo para um relacionamento
feliz. Não conheço fórmulas. Creio mais na pessoa certa, que se encaixa em sua
vida, assim como você na dela, navegando num mar de interesses comuns, com
respeito, cumplicidade e prazer.”
* Carlos Bayma é médico em urologia e
psicossomática. E ainda é autodidata em física quântica, metafísica da saúde,
fotografia e música. É também urologista do Hospital Esperança, onde é responsável
pelo setor de uroneurologia e urodinâmica. Como adora compartilhar ideias,
achou fundamental se tornar palestrante free-lancer e dos Projetos CPM,
Medicina das Emoções (Livraria Jaqueira) e Papos & Ideias (Livraria
Saraiva). Não deixem de acompanhá-lo no Twitter: @CarlosBayma. Recomendo
demais!
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