quarta-feira, 24 de outubro de 2012

CUIDADO COM A 'REPOSIÇÃO HORMONAL' APÓS A MENOPAUSA



FORÇA TAREFA AMERICANA VOLTA A ADVERTIR SOBRE OS PERIGOS DA TERAPIA DE REPOSIÇÃO HORMONAL NA PÓS-MENOPAUSA

:: Jennifer LaRue Huget para o jornal americano The Washington Post – Tradução de Francisco Vianna
Terça feira 23 de outubro de 2012

 Um painel de médicos nos EUA recomendou, ontem, que as mulheres na pós-menopausa não tomem hormônios sexuais a guisa de “terapia de reposição hormonal” (TRH), supostamente para prevenir doenças crônicas, pelo fato de que os riscos de tal procedimento à saúde se sobrepõem aos alegados possíveis benefícios.

Tal recomendação, feita por uma Força Tarefa do Serviço de Prevenção dos EUA (veja em http://www.ahrq.gov/clinic/uspstfix.htm, em inglês) corrobora uma recomendação similar feita pelo mesmo painel em 2005. A afirmação foi divulgada pela edição eletrônica da revista científica Anais de Medicina Interna (Annals of Internal Medicine). 

A Força Tarefa reviu toda a pesquisa publicada desde 2005 e mostrou que a combinação de estrogênio com progestágeno como terapia pós-menopausa reduz o risco de fraturas ósseas, mas as mulheres submetidas a essa TRH não têm o risco de doença cardíaca (coronariana) diminuído e, na verdade, têm o risco de câncer de mama aumentado, bem como o de AVC (acidente vascular cerebral), trombose, doenças da vesícula biliar, demência senil e incontinência urinária.

Um relatório dessa Força Tarefa, postado em inglês na página do grupo disse que para cada 10.000 mulheres que se submetem por ano a essa TRH, 46% delas tiveram o risco de fraturas ósseas diminuído, mas 8% desenvolveram câncer de mama, 9% tiveram AVC, 9% foram acometidas por diversos tipos de trombose pulmonar, 12 % tiveram tromboses sérias dos membros inferiores, 20% desenvolveram doença da vesícula biliar, 22% foram acometidas por algum tipo de demência senil e 872 delas apresentaram incontinência urinária.
            O grupo disse que o relatório se refere apenas ao uso da TRH para profilaxia de doenças crônicas. A recomendação, diz o relatório, não se aplica ao uso dessa terapia para controle dos sintomas da menopausa, tais como as ‘ondas de calor’ e ‘secura vaginal’, nem tampouco se aplica a mulheres abaixo de 50 anos que fizeram histerectomia. “Caso uma mulher esteja a sofrer com sintomas da menopausa”, disse Michael LeFevre, um dos dois vice-diretores da Força Tarefa, “nós a encorajamos para que procure seu ginecologista para avaliar se os benefícios da TRH suplantam os riscos demonstrados”.

A Força Tarefa é um grupo independente de médicos dedicados aos profissionais que provêm cuidados primários à mulher e especialistas na prevenção de distúrbios funcionais endócrinos com base na Medicina de Resultados; sua recomendação publicada é direcionada também aos clínicos gerais de primeiro atendimento dos sistemas de saúde.

Os achados da Força Tarefa corroboram um relatório publicado anteriormente. Em 2002, a ONG Iniciativa de Saúde da Mulher, que recebe verbas governamentais, achou que os benefícios oriundos do uso de ‘hormônios prontos’ foram suplantados pelos riscos, inclusive de doença cardíaca e câncer de mamar. Após aquele relatório, o uso da TRH caiu em mais da metade.

Em 2010, a Iniciativa achou que as mulheres que se submeteram à TRH estavam mais propensas a neoplasias que pareciam surgir com mais frequência e em maiores tamanhos e terem uma difusão mais rápida de seus linfonodos. Porém o mais importante é que seu risco de morte mostrou-se mais elevado.

UMA EXPLICAÇÃO MÉDICA FUNCIONAL
(Dr. Francisco Vianna)

Há algum tempo, a chamada Medicina Funcional Molecular, ou Medicina de Resultados, nos ensina que toda vez que se administra um hormônio pronto a uma pessoa, o qual deveria ser produzido pelo sistema endócrino (das glândulas) do corpo, a hipófise – que controla todas as demais glândulas – “enxerga” que tal hormônio já existe em quantidades geralmente superiores à necessária em circulação e começa a inibir a produção desse hormônio pela glândula que o produz. A pessoa assim se transforma numa “dependente química” de tal hormônio.

Quando ocorre a menopausa e a mulher para definitivamente de ovular, saindo de sua idade fértil e reprodutiva, desaparecem os seus folículos de De Graaf que, após a ovulação, se transformavam em corpos lúteos produtores de progesterona. Com a queda da progesterona endógena, ocorre também diminuição do estrogênio ovariano e a mulher entra num processo progressivo de insuficiência ovariana, por mais que a hipófise estimule as gônadas para a sua produção hormonal específica.

Em função dessa crescente incapacidade endócrina, as suprarrenais assumem a tarefa de produzir tais hormônios, o que, todavia, depende da disponibilidade de certos 17-cetoesteroides, geralmente provenientes da alimentação, e chamados genericamente de moléculas pré-hormonais. Tais moléculas não são “vistas” pela hipófise como hormônios prontos circulantes e, portanto, não têm a mesma capacidade de fazer com que a glândula-chefe iniba as demais, como ocorre com os hormônios prontos administrados como TRH. 

O que ocorre, então, é o aproveitamento de tal “substrato pré-hormonal” que, por estímulo hipofisário – e seu consequente feedback –, faz com que a síntese hormonal efetuada pelas suprarrenais ocorra de modo otimizado mantendo o equilíbrio hormonal fisiológico necessário após a menopausa. 

Esses ‘pré-hormônios’ são principalmente os fitosteroides, a androstenolona, o DHEA (a dihidroepiandrosterona), a pregnenolona, e outros que, sobretudo pelo uso e abuso dos chamados “fisioculturistas” – que os usam em grandes quantidades como “esteroides anabolizantes” para ganho de massa muscular –, têm sido proscritos pela Vigilância Sanitária no Brasil. Essas substâncias devem ser ingeridas pelo consumo de alimentos que são ricos nesses esteroides e não pela ingestão pura e simples da substância sintetizada ou purificada em laboratório. Qualquer nutrólogo ou nutricionista pode orientar as pessoas no uso de alimentos ricos em moléculas pré-hormonais, como a isoflavona, por exemplo, e com isso dispensar com muita vantagem a chamada Terapia de Reposição Hormonal, onde não há interferência iatrogênica na homeostasia endócrina.
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Há alguns anos cuido de mulheres que passam pela menopausa, um momento de transição, assim como passamos da puberdade para a adolescência também.... Não há porque repor algo que a natureza resolveu por bem eliminar, por não ser mais necessário, cabendo apenas equilibrar com elementos naturais e eficazes.

Cuide bem de você... www.cuidebemdevoce.com

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