Publicado
em 16.04.13
A ANVISA embargou recentemente a venda de
álcool acima de 54º, incluindo o de 70º, conhecido como “álcool de cereais”,
matéria-prima na diluição das fórmulas de Aromaterapia e Fitoterapia.
Segue abaixo matéria que está circulando na
internet sobre essa medida absurda da Anvisa,que só privilegia os grandes
laboratórios químicos.
Miopia da ANVISA aplica eutanásia na
fitoterapia brasileira
Ignorando o embargo movido contra a RDC
46/2002, que proíbe a venda de álcool etílico com graduação superior a 54º GL ao
consumidor final, a ANVISA notificou estabelecimentos que vendem este produto
no Brasil a retirá-lo de suas prateleiras. Com isso, pegou muita gente de
surpresa, pessoas que dependem da utilização do álcool de cereais e do assim
chamado álcool 70% no seu dia a dia. A situação causou embaraços que poderiam
ser facilmente solucionados. Mas, em outros casos, a resolução foi um desastre,
e está sendo chamada, por alguns, de a morte silenciosa das terapias com ervas
e plantas medicinais no Brasil.
É o que diz Mayra Corrêa e Castro,
aromaterapeuta e professora de yoga em Curitiba/PR. Mayra, que é casada e
possui dois filhos em idade escolar, usa regularmente o álcool 70% em sua
residência para fazer a limpeza da maior parte dos cômodos. Ela diz: ‘Um de
meus filhos tem bastante rinite alérgica. Quando fazíamos a limpeza de casa com
os produtos saneantes comuns que encontramos no supermercado, ele vivia no
consultório de seu otorrino. Então dei um basta em tanta química, e comecei a
manipular eu mesma óleos essenciais antissépticos, misturados ao álcool 70%. É
tudo muito natural, uso óleo essencial da capim-cidreira, por exemplo, que tem
ação contra o fungo Aspergilus fumigatos, para limpar chão, banheiros e
paredes. A rinite dele melhorou sensivelmente. Agora que não posso mais comprar
o álcool, quem vai se responsabilizar pela saúde do meu filho?’
Mayra ainda acrescenta que se sente traída
pela ANVISA, que seria uma agência que deveria pensar no melhor para as
pessoas:
‘Me preocupa que a ANVISA esteja sendo tão míope
nesta questão. Eles alegam que o álcool com graduação superior é inflamável e
provoca acidentes. Mas e todos os produtos de limpeza que existem numa casa,
não provocam? Além do mais, por que ela acha que tem o direito de ferir a minha
liberdade de escolha e meu direito à saúde?’
A revolta de Mayra não é um caso isolado.
Ela conta que participa de um grupo de estudos de terapeutas holísticos com
mais de 1000 pessoas cadastradas. Nesse grupo, o impacto da notícia também foi
funesto. O álcool 70% é usado por muitos profissionais para fazer assepsia de
ambiente e instrumentos de trabalho. Professores de yoga, massoterapeutas,
fisioterapeutas, terapeutas florais, reikianos, cinesiologistas, cuidadores
home care e outros profissionais que atuam como pessoa física estão proibidos
de comprarem o produto em quantidades maiores que 50 ml graças à resolução.
Esses profissionais alegam que o custo de compras fracionadas não pode ser
repassado ao cliente, já que trabalham com margens estreitas, e, mais
importante, não podem substituir o álcool 70% por outro produto antisséptico
por que as pessoas estão, na atualidade, desenvolvendo mais e mais alergias.
Mas não é só isso. Veja o caso da artesã
Mara Maria, de Salto, interior de São Paulo. Parte de seu sustento vem do
artesanato com aromas, onde o álcool de cereais é matéria-prima indispensável.
Quando cria perfumes, aromatizadores e sabonetes com ingredientes apenas de
origem vegetal, ela precisa diluir a matéria-prima aromática neste álcool. Sem
ele, ela ficou imediatamente impossibilitada de continuar trabalhando. A ANVISA
alega que o produto cotinuará sendo comercializado a empresas. Mas, como é o
caso para muitos artesãos, também para Mara Maria é inviável deixar de atuar
como pessoa física. Por causa da resolução, ela não sabe como será o futuro.
Entretanto, a repercussão mais grave,
sobretudo no médio e longo prazo, é em cima do uso tradicional de ervas e
plantas medicinais. O álcool de cereais é o diluente tradicional para produzir
tinturas e macerações que são usadas numa infinidade de tratamentos
fitoterápicos e naturais. Com o proibição de sua venda ao consumidor final, boa
parte do que se faz hoje com este tipo de terapia complementar deixará de
exisir. Sobre isso, Mayra é enfática:
‘A ANVISA está aplicando eutanásia na
naturoterapia e fitoterapia brasileiras. Quando não pudermos mais fazer nossas
próprias tinturas, teremos como única opção tomar remédios alopáticos. A
estratégia da ANVISA, nos últimos anos, tem sido de proibir tudo, ao invés de
ponderar. Ela proibiu o suco de aloe vera, proibiu a tintura de arnica, a
tintura de própolis, por exemplo. Eles sempre alegam que não há segurança para
o consumidor. Mas ela nunca pensa no malefício que está fazendo. Sobretudo, a
ANVISA fere o direito que o cidadão tem de escolher sobre a qual método de
tratamento de saúde ele quer se submeter. Embora as últimas proibições da
ANVISA tenham sido dolorosas, sobretudo para inúmeras pessoas que se beneficiam
da medicina tradicional popular, o último golpe – a RDC 46/2002 – , esse foi a
mais letal: como ela não pode proibir que plantemos ervas em nossos jardins,
proibiu a matéria-prima na qual as diluímos. A quem isso interessa? Certamente
não é às pessoas. E com certeza é aos grandes laboratórios químicos e
farmacêuticos.’
Petição para a liberação do álcool de
cereais!
Assine
aqui!
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