Transtorno de personalidade Borderline (significa "fronteira" ou "limite" em inglês). Transtorno caracterizado pela impulsividade, alterações repentinas de humor, intolerância à solidão, hiperatividade emocional que leva a ciúmes intensos, ataques de ira e desespero.
Personalidade Borderline - Sem Censura - Ana
Beatriz Silva - Corações Descontrolados
A psiquiatra e escritora Ana Beatriz Barbosa, em sua casa, fala sobre o transtorno dos afetos
Autora de
best-sellers sobre psicopatia, bullying e TOC, a psiquiatra Ana Beatriz Barbosa
Silva se volta para um transtorno ainda pouco conhecido no país: o da
personalidade borderline. Em seu novo livro, “Corações descontrolados” (Ed.
Fontanar), ela conta como são as pessoas que vivem no limite de suas emoções e
também como lidar com elas. E dá exemplos: “A Carminha, de Avenida Brasil, é
totalmente border”.
O nome do seu
livro é "Corações descontrolados. Ciúmes, raiva, impulsividade, o jeito
borderline de ser". Que jeito é esse?
Todos nós
apresentamos momentos de explosões de raiva, tristeza, impulsividade, teimosia,
instabilidade de humor, ciúmes intensos, apego afetivo, desespero, descontrole
emocional, medo de rejeição, insatisfação pessoal. E, quase sempre, isso gera
transtornos e prejuízos para nós mesmos e/ou para as pessoas ao nosso redor.
Porém, quando esses comportamentos se apresentam de forma frequente, intensa e
persistente, eles acabam por produzir um padrão existencial marcado por
dificuldades de adaptação do indivíduo ao seu ambiente social. Quando isso
ocorre, podemos estar diante do transtorno da personalidade borderline. Os
borders apresentam hiperatividade emocional, ou seja, é muito sentimento e
muita emoção sempre. E costumam lidar muito mal com qualquer tipo de
adversidade, especialmente as que envolvem rejeição, desaprovação e/ou
abandono. Quando se deparam com uma situação dessas, desencadeiam uma reação de
estresse muito mais intensa e abrangente do que o esperado. E chama-se
borderline por isso, porque vivem no limite das emoções.
É o transtorno
do amor?
É o transtorno
dos afetos. Porque o amor deve ser funcional, positivo. O que o border tem é um
afeto disfuncional.
Existe uma
personalidade borderline e um transtorno de personalidade borderline? Como é
isso? Qual a linha divisória?
A personalidade
é o jeitão de cada um. É a parte biológica somada ao que aprendemos, à cultura.
A junção dessas duas partes vai gerar uma série de comportamentos recorrentes,
que caracterizam a personalidade de cada um. A personalidade borderline é
marcada pela dificuldade nas relações interpessoais, pela baixa autoestima,
instabilidade reativa do humor e impulsividade. Quando essas características se
apresentam de forma muito disfuncional, nós a chamamos de transtorno.
Tipos diferentes
de personalidades, mesmo com traços aparentemente negativos, podem ser
requisitos para determinadas atividades, não? Quer dizer, não é qualquer tipo
de pessoa que pode ser, por exemplo, um médico voluntário, trabalhando em meio
à fome na África ou ajudando sobreviventes do terremoto no Haiti.
Só é transtorno
quando apresenta problemas sérios para a pessoa, quando é tão disfuncional que
a pessoa deixa de ser produtiva. Tirando isso, a personalidade border, ou, como
dizemos, o traço border, pode ser muito interessante, se a pessoa não tem
ataques de fúria, dependência. Grandes causas sociais, como você mencionou,
demandam pessoas com grande capacidade de sentir empatia, com grande
sensibilidade e que precisam de um alto grau de aceitação. Uma outra
característica comum nessas pessoas é a fluidez na autopercepção. Por isso,
pessoas com traço border dão grandes atores. Quando tratamos alguém com o
transtorno, temos que ter em mente que, antes de mais nada, essa é uma maneira
de ser, uma base estabelecida que não muda. O que buscamos no tratamento é
transformar o transtorno em traço: ou seja, a pessoa vai continuar a ser
sensível, emotiva, mas ela não vai capotar naquilo, vai canalizar para coisas
produtivas.
O quanto do
transtorno é biológico e o quanto é fruto do meio? No livro, a maior parte das
pessoas com o transtorno teve vidas muito duras, marcadas por abuso sexual,
agressão física, abandono. Como se pode dizer que isso é biológico?
Sabemos é que
50% são biológicos e 50% estão relacionados à criação, ao meio, à cultura.
Quando a pessoa tem a biologia, mas vive num meio normal, o transtorno vai se
apresentar de uma forma muito mais branda ou como traço. A estrutura genética
não muda, mas é possível moldar a forma como se apresenta.
Como é a vida de
quem tem o transtorno?
A pessoa tem uma
dificuldade muito grande nos relacionamentos. Ela tem a autoestima destruída.
Se vê muito pior do que é, de maneira depreciativa, e acha que a solução está
no outro; é na dependência afetiva do outro que ela busca segurança e
legitimidade. E é muito impulsiva. Mas essa impulsividade se manifesta de uma
forma muito específica: ela está relacionada a explosões de raiva e ira. O
border, como dizemos, é aquela pessoa que, literalmente, fica cega de raiva.
Todo mundo que já viveu uma paixão alucinada sabe como é ser border: esse é o jeito border de ser. O estado
da paixão, de acordo com a ciência, dura de dois meses a dois anos justamente porque,
se durar mais, ninguém aguenta. Mas o border vive assim.
Trata-se de um
transtorno que acomete muito mais mulheres do que homens. A neurociência
explica por quê?
Sabemos que 75%
dos pacientes são mulheres. Não sabemos exatamente por quê, mas não chega a ser
uma grande surpresa se pensarmos que o transtorno está relacionado a uma
hiperatividade do sistema límbico, que é o nosso verdadeiro coração, a região
do cérebro que regula as emoções. No border, o sistema funciona demais, no
extremo das emoções. Nos momentos de maior impulsividade, é como se houvesse
uma pane total no sistema, um curto-circuito. Como a questão das emoções já é
naturalmente mais marcada para as mulheres, é de se esperar que elas sejam a
maior parte dos pacientes. Por outro lado, os homens, com cérebros mais
racionais, são a maioria dos que sofrem de transtorno de psicopatia — em que o
sistema límbico não funciona ou funciona muito pouco, o que os torna incapazes
de ter empatia, de se sensibilizar com o sofrimento dos outros.
A adolescência é
uma época em que as emoções já são muito mais intensas. Como é o transtorno
nessa fase da vida?
O transtorno
surge pela primeira vez nessa fase que é, em geral, quando ocorre o primeiro
rompimento ou afeto não correspondido. Essa rejeição desencadeia o
curto-circuito. A adolescência é a época das paixões, da impulsividade, da
sexualidade, do comportamento de risco. Tudo isso faz parte, o adolescente tem
que arriscar para aprender. É uma erupção emocional. No border, no entanto, é
uma hemorragia. A automutilação é um comportamento recorrente. E se você
perguntar por que ele fez aquilo, vai dizer que é para aliviar a angústia, o
vazio.
E alivia mesmo?
Por quê?
Sim. Ele se
sente muito melhor porque deixa de sentir angústia. Quando há uma ameaça física
ao corpo, o sistema de defesa e estresse é acionado. A substância liberada para
tamponar a agressão é a endorfina, que é um anestésico. Por isso, um tratamento
ótimo é a atividade física intensa, que libera endorfina.
A Carminha, de
Avenida Brasil, é border?
Totalmente.
Basta ver aquelas explosões de fúria, de ódio, sua instabilidade emocional. E,
ao mesmo tempo, o grande pavor que tem da rejeição. Aquela família é seu
alicerce, ela jamais se separaria, embora diga o contrário.
Existe
tratamento?
É possível
diminuir a hiperatividade do sistema límbico com medicações específicas em
doses específicas — muitas vezes mínimas. Com isso, você reduz muito os ataques
de fúria, os atos destrutivos, as agressões; baixa a bola do sistema mesmo.
Mas, paralelamente, é preciso terapia, uma terapia muito específica, mais
direcionada para o presente do que para o passado, que vai treinar a pessoa a
viver com menos intensidade, a sangrar menos. A não morrer de hemorragia.
Leia mais sobre esse assunto em http://oglobo.globo.com/saude/borderline-um-transtorno-de-personalidade-no-limite-das-emocoes-6463834#ixzz2kuHUK400
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Ao meu ver, a associação de Essências
Florais, conjuntamente a prática de processos de cura da Mente (a verdadeira
doença), é fundamental!
Lena Rodriguez
www.cuidebemdevoce.com
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